sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Faia



Nome científico: Myrica  faya
Nome comum: Faia, Faia-da-terra
Estatuto: Nativa
Distribuição: Existente em todas as ilhas dos Açores


A Faia é uma pequena árvore dióica perenifólia de até 10m de altura encontrada frequentemente na vegetaçao costeira e em bosques de media altitude. Tem uma ramificação irregular, com troncos curtos recobertos por um ritidoma muito rugoso de cor acinzentada. As folhas são verdes escuras, lanceoladas, simples, com recorte marginal ligeiramente dentado, glabras, alternas e coriáceas. As flores surgem em rácimos espiciformes sendo frequentemente aclamídeas em que as masculinas apresentam uma cor amarela-esverdeada com 4 estames e as femininas são rosadas com 2 brácteas postas sobre pecíolos mais longos. Os frutos, dispostos em amento, são drupas comestíveis, constituindo glomérulos frutíferos. Estes geralmente são sincárpicos com 2 a 5 sementes apresentando quando jovens a cor verde, e tornando-se  vermelhos a preto durante a maturação, preto quando maduros. A floração da Faia  ocorre normalmente de Março a Junho, enquanto que a frutificação toma início no fim de Agosto e termina no início de Outubro. 



sábado, 22 de setembro de 2012

Intervenção-Litoral


Integrado no programa estagiar U neste mês de Agosto foi realizada uma intervenção no litoral, Praia de Santa Bárbara, Bandejo e Santa Luzia, locais onde existe uma clara sobreposição das espécies invasoras em relação às espécies endémicas/nativas.





A primeira fase consistiu na eliminação de Chorão (Carpobrotus edulis) de forma a diminuir a pressão sobre as espécies endémicas que mais tarde foram colocadas nos locais agora limpos desta espécie invasora. Nesta fase foram espalhadas mais de 500 sementes de Dragoeiros (Dracaena draco), nativa, e inúmeras cápsulas de Vidália (Azorina vidalii), endémica, na zona da Praia de Santa Bárbara, à frente do parque de estacionamento, e Bandejo.







Na segunda fase deslocámos nos ao viveiro do Projecto Laurissilva levado a cabo pela SPEA, onde nos foram concedidos 28 dragoeiros e 42 vidálias, ainda plantas jovens, que foram plantadas tanto na mesma zona da Praia de Santa Bárbara como em Santa Luzia.









Tentámos deste modo dar o primeiro passo na recuperação destes locais de modo a serem povoados por mais endémicas e nativas, aumentando também o número destas espécies, tentando assim combater a sobreposição de invasoras sobre estas. 


domingo, 2 de setembro de 2012

Monumento Natural Regional da Caldeira Velha


Neste mês de Agosto, um dos nossos principais objectivos foi o repovoamento das espécies nativas e endémicas dos Açores na zona da Caldeira Velha, onde tem havido um grande avanço por parte das espécies invasoras, devido à sua grande capacidade de espalhar sementes e rápida propagação.

Para repovoar a Caldeira Velha conseguimos:
- 14 Urzes (Erica azorica), 21 Azevinhos (Ilex perado ssp. azorica), 15 Uvas-da-serra (Vaccinium cylindraceum), 15 Folhados (Viburnum trileasei), 7 Paus-brancos (Picconia azorica), 5 Vinháticos (Persea indica), 6 Faias (Myrica faya), 19 Sanginhos (Frangula azorica) e 10 Louros (Laurus azorica);

- Sementes de Patalugo-maior (Leontodon filii) e de Figueira-brava (Pericallis malvifolia);

- Estacas de Uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), Folhado (Viburnum trileasei), Louro (Laurus azorica), Tamujo (Myrsine africana), Urze (Erica azorica) e Hera (Hedera azorica), que recolhemos de plantas numa saída de campo em que descemos à Lagoa do Fogo.

Mapa da Caldeira Velha, onde estão marcadas as zonas de intervenção.

Como se pode ver no mapa da imagem acima, realizámos uma limpeza das espécies infestantes em todas as áreas assinaladas, mas essencialmente na zona A, de onde retirámos Conteiras (Hedychium gardneranum) e alguns Fetos-arbóreos (Sphaeropteris cooperi), Acácias (Acacia melanoxylon) e Incensos (Pittosporum undulatum) pequenos, que lá cresciam.


Áreas de intervenção na zona A, de onde se retirou a flora invasora
 A zona A foi replantada com as plantas endémicas e nativas que nos cederam e também colocámos algumas até à zona C. Igualmente espalhámos sementes de Patalugo-maior (Leontodon filii).








Na zona B, em frente, colocámos sementes de Figueira-brava (Pericallis malvifolia), junto à ribeira.
Numa tentativa de testar algumas estacas, plantámos as que colhemos da Lagoa do Fogo na zona C e D, das quais sobreviveram os Folhados (Viburnum trileasei), os Louros (Laurus azorica), a Hera (Hedera azorica) e o Tamujo (Myrsine africana).




Estacas recolhidas aquando da descida à Lagoa do Fogo para  plantação na Caldeira Velha.
Dedicamos, também, uma manhã para a medição das temperaturas das águas da Caldeira Velha. Na caldeira as temperaturas rondam entre os 70ºC e 90ºC. A zona de banhos está quase a temperatura ambiente, registando os 27ºC e a sua nascente mantém uma temperatura de 32ºC.





domingo, 26 de agosto de 2012

Folhado


Nome científico: Viburnum trileasei Gand
Nome comum: Folhado
Estatuto: Endémico
Distribuição: Existente em quase todas as ilhas, sendo, a Ilha da Graciosa a excepção.



O Folhado desenvolve-se, preferencialmente, em bosques de louro e cedro-do-mato, entre os 400m a 800m. Apresenta folhas glabras, ovais e quase obtusas de cor verde brilhante na parte superior, e verde pálido na parte inferior. As flores podem ser rosas ou brancas, formando-se em corimbos de grande tamanho, que se agrupam em densos cachos de pequenos frutos carnudos de cor azul metálico quando maduros.  O seu estado de conservação varia de ilha para ilha entre “extinct” na ilha da Graciosa  para “Least Concern” apenas na ilha das Flores, Apesar de ser rara em algumas ilhas esta espécie não é protegida pela “Berne Convention” (Decisão 82/72/CEE do Conselho) nem pela “Habitats Directive”  (Directiva 92/43/CEE do Conselho).  Actualmente esta espécie, está a ser produzidas por semente para restauro do habitat do priolo (Laurissilva Sustentável - Project LIFE 07 NAT/P/000630 in European Commission – Life+ 2007, parceria da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM) e a Câmara Municipal da Povoação) e também em cultura In vitro como uma planta ornamental (www.geotrota.pt, www.acorgeo.com). 






Uva-da-Serra



Nome científico: Vaccinium cylindraceum 

Nomes comuns: Uva-da-serra, Uva-do-mato, Uva-do-monte, Uveira, Romania, Rosmaninho.

Distribuição: Arquipélago dos Açores, não se encontram exemplares na Ilha Graciosa.

Encontrada normalmente entre os 300m e os 1800m em florestas e matos naturais, é um arbusto de folhas semi-caducas com uma forma alongada, com serrilhado no seu contorno. As suas  flores são cachos cor-de-rosa com tons de branco e os frutos são mirtilos de cor negro-azulados, com grande poder antioxidante. Esta planta tem potencial económico e ornamental e uma grande importância ambiental por fazer parte da floresta Laurissilva.

Endémica dos Açores

sábado, 18 de agosto de 2012

Estagiar U 2012


Este ano, cá estamos nós, com uma equipa maior, para mais um estágio na área da Biologia e Geologia. A equipa é formada por 5 alunos da Universidade dos Açores: Tiago Menezes, Ângela Vieira, João Couto e Telmo Eleutério, do curso de Biologia, e Tiago Fraga, do curso de Engenharia e Gestão do Ambiente. Os objectivos deste estágio passam pelo conhecimento do enquadramento geológico da região e aprofundamento dos conhecimentos na área dos endemismos e plantas nativas dos Açores, conhecer os períodos de maturação das suas sementes, formas de propagação em estaca e por semente e as condições ambientais requeridas para cada espécie.

Com os conhecimentos adquiridos vamos actuar essencialmente em dois locais no concelho da Ribeira Grande: Bandejo - Areal de Santa Bárbara e no Monumento Natural Regional da Caldeira Velha.
Iremos divulgar todo o nosso trabalho realizado no âmbito da conservação da natureza aqui, no Vulcão da Biodiversidade e na nossa página do Facebook http://www.facebook.com/vulcaodabiodiversidade.

sábado, 30 de julho de 2011

A Conteira

Por toda a ilha, uma das espécies mais abundantes é, certamente, a conteira, Hedychium gardnerianum, devido à rápida proliferação aquando da sua reprodução e é uma planta infestante. A conteira é oriunda dos Himalaias, não se sabe como pode ter sido introduzida e, apesar da sua aparente beleza, não se conhecem os efeitos positivos desta planta, nos Açores.

Antigamente, era utilizada para embrulhar queijos de cabra frescos e muitas pessoas costumam sugar o líquido adocicado presente nas suas flores. A sua abundância pode remeter a sérios problemas futuros, como por exemplo derrocadas de terra, pelo peso acumulado dos seus bolbos. Pode ajudar a combater a propagação de Hedychium gardnerianum, por exemplo, enquanto desfruta de uma bela caminhada num trilho. Erradicando as novas plantas em crescimento, ou partir algumas já crescidas, evita-se com que estas se multipliquem.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Espécies Endémicas versus Espécies invasoras

Em biologia é comum ouvir-se falar de determinadas espécies que são endémicas, ou outras que são invasoras / infestantes, mas muita gente permanece sem saber o que tal designação significa, na realidade.
É por isso que antes de começarmos a mostrar o trabalho que temos vindo a desenvolver, numas breves palavras esclareceremos o assunto a quem não sabe, e no futuro, ajudar-nos a manter o equilíbrio do ecossistema açoriano.

Quando falamos de espécies endémicas (Endemismo, do grego endemos, em português, indígena), significa que uma determinada espécie se desenvolveu espontaneamente numa região restrita, ou seja, só existe naquele local e não é encontrada em mais nenhum lugar do mundo. Isto, porque devido a mecanismos de isolamento, as espécies separaram-se e, ao reproduzirem-se, deram origem a diferentes linhas evolutivas, espécies exclusivas de uma determinada localização geográfica e que desempenham um papel fundamental naquele ecossistema.

Quanto às espécies invasoras, significa que aquela espécie pode ter sido introduzida pelo homem propositadamente, ou acidentalmente (como é o caso de espécies que vêm agarradas aos cascos dos navios) numa região onde antes não ocorreria espontaneamente e que se proliferou demasiadamente, devido à sua rápida forma de reprodução. Assim, estas espécies tornam-se em autênticas pragas, constituindo uma ameaça à conservação das espécies nativas, da biodiversidade da região.

Por isso, é urgente o combate às invasoras, porque têm vindo a invadir e a destruir diversas áreas naturais, contribuindo para o desaparecimento das espécies endémicas que, actualmente, constituem uma pequena amostra, do que já existiu, da floresta de Laurissilva nos Açores, um dos biomas mais importantes que devemos conservar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Bem-vindo!

O Vulcão da Biodiversidade surgiu da iniciativa de dois alunos do curso de Biologia da Universidade dos Açores, Tiago Menezes e João Maurício, no âmbito do programa Estagiar U, orientados pelo Dr. Luís Noronha.

O nosso papel começa no concelho da Ribeira Grande, através do reconhecimento e exploração de percursos pedestres (ou propostas destes), com o objectivo de identificar toda a fauna e flora existentes neles, bem como conhecer a geologia que caracteriza a região, fazendo referência à erupção de 1563 do Pico do Sapateiro e da Lagoa do Fogo.

A nossa missão estende-se, também, a divulgar e dar a conhecer as espécies de plantas endémicas dos Açores, plantas infestantes e exóticas, o que fazer de forma a dinamizar a proliferação das espécies nativas e diminuir a multiplicação das infestantes.